sexta-feira, 17 de junho de 2011

É dada a largada!

"Projeto Teatro para todos: encenação e debate das obras de Samuel Beckett" dá a largada para o espetáculo "Quantos infelizes ainda o seriam hoje se tivessem descoberto a tempo em que ponto estavam" que fará sua primeira temporada de 22 a 26 de junho, sempre às 20h00, no Teatro Claudio Barradas com entrada franca.

Confere aqui a matéria do Diário do Pará.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Fragmentos de Relatos II

Foi sem saber a aventura na qual iria embarcar, as pessoas que iria mobilizar ou as emoções com as quais iria lidar que retirei com curiosidade um livro da estante da livraria. Este era “Collected Shorter Plays” de Samuel Beckett. Nele se encontram as peças “Rough for Theatre I e II” traduzidas do francês para o inglês, originalmente chamadas de “Fragments de Théâtre I e II”. A leitura destes textos logo me envolveu e nasceu então o desejo de levá-los aos palcos. Não encontrando traduções para a língua portuguesa, surgiu a necessidade de traduzi-los do original francês em cotejo com a versão inglesa, tarefa da qual me incumbi.
Uma vez reunido um grupo e aprovado o projeto inscrito na PROEX/UFPA, deu-se início ao processo de tradução, do qual surgiu a versão vernácula, batizada de “Fragmentos de Teatro I e II”, e logo em seguida ao de ensaios. Logo se mostrou uma tarefa deveras desafiadora interpretar seres humanos desgastados, oprimidos pelo espírito técnico-científico, frustrados afetivamente e decadentes, sabendo que eles representam a nossa época e as pessoas com as quais convivemos diariamente. Como emprestar vida a estes seres sem conhecer o horror e a esterilidade da solidão, a verdadeira solidão, sem ter se afogado em rotina perpétua? Ora, não é preciso.
Todo ensaio é um novo desafio e uma nova descoberta, tanto no que toca ao fazer teatral quanto a nós mesmos, se é que há esta separação. O que resta, ao final de meses de trabalho, é a certeza de que aquilo que realmente importa são as transformações pelas quais passamos, engajados na tarefa hercúlea de nos tornarmos cada vez mais humanos. E tudo que se deseja através deste espetáculo é compartilhar.

Gabriel Máximo, ator, tradutor.